06/10/2010


D. Jacyr Braido,CS
I CONGRESSO MUNDIAL DOS MISSIONÁRIOS SCALABRINIANOS DO APOSTOLADO DO MAR
MENSAGEM AOS PARTICIPANTES
D. Jacyr Francisco Braido,CS
Santos, São Paulo, Brasil, 6 de outubro de 2010
Queridos irmãos em Cristo,
É para mim uma grande alegria acolher a todos vocês no I Congresso Mundial dos Missionários Scalabrinianos do Apostolado do Mar que acontece, oportunamente, na minha querida Diocese de Santos, inclusive, marcada pe-la visita do Fundador da Congregação Scalabriniana, Bem-aventurado D. João Batista Scalabrini, quando aqui chegou no Porto de Santos, no dia 9 de julho de 1904 (indo dia 10 para São Paulo), em visita aos Missionários que aqui já estavam desenvolvendo seu ministério junto aos migrantes. Também os mis-sionários que vinham para o Brasil - e tantos imigrantes - tinham o Porto de Santos como porta de entrada para uma vida nova no país.
Como vocês sabem, aqui em Santos vivemos cotidianamente bem de perto a realidade do Apostolado do Mar em toda as suas nuances, pois aqui temos o maior Porto da América Latina: todos os das milhares de trabalhadores do mar aqui chegam, depois de longas viagens, ficam apenas algumas horas e, premidos pela urgência do 'mercado' que não para nunca, logo se vêem obri-gados a partir rumo a novos mares.
Para muitos, em todas as cidades de qualquer canto do planeta, esses trabalhadores do mar são meros números nas estatísticas econômicas. E não lhes é dado o direito de terem um rosto, uma identidade, uma história de vida com suas necessidades, desejos, sonhos, medos, alegrias e conquistas. E não lhes é dado o direito de terem uma vida que envolve seus ente queridos, ami-gos, vizinhos que, todos os dias, sempre ficam mais distantes no horizonte, à espera da volta que custa muito a chegar. São meses e meses longe de casa, longe do aconchego da família ou da experiência confortadora de estrar ‘entre os seus’, falando a mesma língua, partilhando os mesmos valores e ideais.
E o que dizer dos pescadores que também enfrentam toda sorte de ad-versidades e inseguranças no trabalho em alto mar? Ou, quando vêem sua profissão, sua fonte de vida , sua cultura, sua identidade continuamente amea-çada pelos caprichos de um modelo econômico que privilegia sempre o lucro e nunca a pessoa?
Diante disso é que se justifica a importância e a necessidade de, en-quanto Missionários Scalabrinianos, voltarmos ao sonho de Scalabrini: estar sempre a caminho, lado a lado com o itinerante, com o sem-parada, com aque-les que não podem sempre ter o conforto de um ‘porto seguro’. Por isso, como Missionários Scalabrinianos, urge diante de nós o desafio de sermos esse ‘por-to seguro’ para nossos irmãos trabalhadores do mar, nas atuais circunstâncias de nossa história.
Eis o sonho: enquanto discípulos missionários do Mestre itinerante Je-sus sermos, em todos os continentes, casa de acolhida, Igreja Samaritana que acolhe, conforta, serve a todos.
Eis o desafio: voltarmos às origens do nosso Carisma, reencantarmo-nos com a intuição de Scalabrini para nos colocarmos a serviço de todos os migrantes e, de modo especial, desta porção da humanidade que nos revela de modo dramático uma parte do rosto desprotegido de Deus.
O que devemos fazer?
“Ide! Ide! A Providência, que vigia, com ternura de mãe sobre as obras que ela iniciou, resolverá, ela mesma o árduo problema. Procurai somente se-guir seus amorosos conselhos. Fazei com que todos experimentem como o Senhor é suave” (João Batista Scalabrini, Discurso aos Missionários que parti-am, 12/7/1888).
D. Jacyr Francisco Braido, CS, Bispo Diocesano de Santos, Promotor do Apostolado do Mar/CNBB.

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